E o pior é que muitos acreditam

O presidente Lula disse nesta quarta-feira que está feliz porque está havendo uma escassez de asfalto no Brasil. Ele declarou que “o país estava há 25 anos sem fazer obras. E eu, sozinho, consegui acabar com o estoque”. Ainda que ele pareça ter esquecido que, dos 25 anos, sete são dele próprio (fazendo parecer que tomou posse ontem), há um outro equívoco nessa declaração.

Estados e municípios também pavimentam suas estradas com asfalto. Aliás, a grande maioria das obras rodoviárias no Brasil é bancada com recursos estaduais e municipais. Apenas no Rio Grande do Sul, atualmente, há mais de 270 quilômetros de obras de construção em andamento e outros 230 km em restauração e conservação. Neste ano, serão R$ 320 milhões investidos em rodovias.

Não pode ser apenas desinformação ou megalomania o que leva o presidente a declarar algo tão absurdo. Seguramente, ele se aproveita do fato que a grande imprensa adora suas frases de efeito e que essas palavras, mesmo sendo equivocadas, irão ser perpetuadas em áudio, vídeo e jornais. Lula é um falastrão e não dá a mínima se fala inverdades ou se comete erros. O importante é que o povão acredite.

A hora da virada está próxima. E Serra vem conferir

A data ainda é incerta, mas já se sabe que nos próximos dias o governador de São Paulo, José Serra, virá a Porto Alegre. O objetivo principal de sua missão parece ser, mesmo, desfazer a boataria de que ele não apoia a governadora Yeda Crusius.

Serra é um visionário. Ele sabe que Yeda está fazendo um excelente trabalho no Rio Grande e que está faltando apenas um melhor direcionamento da comunicação do governo para que toda a população gaúcha tome conhecimento da revolução gerencial que acontece por aqui. E quando isto acontecer, será a grande virada que Yeda vai dar perante a opinião pública.

Porque embora pesquisas divulgadas pela imprensa apontem uma rejeição elevada da governadora, uma pesquisa encomendada pelo PSDB disse que o cenário não é tenebroso como parece. A rejeição aparece acima do desejado, mas bem abaixo do que foi divulgado.

Como disse a governadora em seu blog, ao se referir ao período difícil que enfrentou, este ano: “durante esse tempo eu só tive uma palavra: resistirei. No sentido político e pessoal mais profundo. Afinal, era preciso até que a verdade aparecesse".

Oposição já tem nova estratégia

Uma nova estratégia da oposição já começou a ser colocada em prática: o constrangimento dos aliados a respeito de um possível depoimento do vice-governador Paulo Feijó à CPI do PT. A expectativa é a de criar mal-estar entre os parlamentares que apoiam o governo, haja vista que um parecer obtido pelo relator, o tucano Coffy Rodrigues, junto à Procuradoria Geral da Assembleia Legislativa, melou os planos da oposição de ouvir Feijó espontaneamente, sem que a aprovação de seu nome passe pelo colegiado.

Agora, tudo está voltado à divulgação, para a opinião pública, de que os aliados não querem o depoimento de Feijó porque o vice poderia ter algo comprometedor a dizer, ainda que, a quem meia palavra baste, esteja claro que o vice tenha atitudes em muito parecidas com as da oposição, de acusar sem provas. Será preciso um contra-ataque à altura, para reforçar a idéia (real) de que Feijó tem muito a ganhar faltando com a verdade à CPI, para o que ele não medirá esforços e invencionices, mesmo que não consiga provar nada do que pretende acusar. O que não pode é deixar a oposição falando sozinha, pois há muitos ouvidos a quererem ouvi-la.

Oportunidade rara de dar a Pont uma punição exemplar

Três são as sanções possíveis de serem aplicadas contra o deputado petista Raul Pont pela Comissão de Ética da Assembleia Legislativa, por conta da tentativa de agressão física e da consumação da agressão verbal que praticou contra a deputada tucana Zilá Breitenbach, há uma semana. As punições podem ir de uma simples advertência a cassação do mandato, passando por uma suspensão.

Pont não chegou a ir às vias de fato, tendo socado apenas o microfone e espalhado as folhas do relatório contrário ao impeachment da governadora que Zilá lia no momento da agressão, afora os gritos e impropérios ditos. Analisando-se friamente o episódio, talvez o caso não merecesse mais que uma suspensão, se buscada a punição mais severa.

Entretanto, a oportunidade que se apresenta pode ser especialíssima para se levar em conta, como agravantes, o conjunto da obra do petista. Há dois anos, ele (juntamente com o colega Bohn Gass) vem sendo acusado de lavagem de dinheiro, formação de caixa 2, apropriação indébita de recursos públicos e falsificação de notas e diárias.

As provas são fartas. O ex-tesoureiro do PT, Paulo Salazar, tem dezenas de extratos bancários e documentos que comprovam que muita sujeira foi protagonizada por Pont, o popular Cachorrão, relacionada a seu mandato parlamentar. A AL já tomou a decisão de ouvir o que o ex-tesoureiro tem a dizer. Falta apenas marcar a data.

Mas Salazar está à disposição para ser ouvido em particular, se for o caso, como o fez com a Juventude Tucana, que até gravou um vídeo com ele. Tudo o que for necessário para que Pont tenha uma punição exemplar. O que não se pode é ser ameno com o Cachorrão, como ele não o tem sido com o governo do Estado.

É preciso aproveitar a rara oportunidade e enquadrar um deputado do naipe de Pont, que costuma ser implacável com seus opositores. Não pode haver corporativismo, solidariedade ou temores de retaliação. Se a oposição tivesse armas mais poderosas, já as teria usado, sem piedade. Nada do que se faça abrandará ou agravará os ataques.

É perda de mandato, já!

Serra volta a disparar, segundo pesquisa Ibope

Pesquisa Ibope que deverá ser divulgada nesta quinta-feira volta a mostrar uma acentuada ascenção do governador de São Paulo José Serra (PSDB) na corrida eleitoral de 2010. Ele subiu de 35%, registrados no último levantamento, em setembro, para 41% na atual amostragem. Já a candidata do presidente Lula aparece com módicos 17%. Ciro Gomes registrou 16% e Marina Silva, 9%.

Nem com toda a máquina presidencial, com a gigantesca publicidade oficial, com a escancarada antecipação da campanha eleitoral – contra o quê o PSDB nacional está lutando severamente –, a candidata oficial do PT consegue deslanchar. Se agora a situação está assim, com essa lavada de Serra, que sequer foi lançado oficialmente pelos tucanos, não é difícil imaginar a surra que dará quando a campanha começar.

Agora, é hora de o governo deslanchar de vez

O sepultamento do pedido de impeachment da governadora Yeda Crusius pelo Parlamento, nesta terça-feira, encerra a sucessão de fardos que vinham atravancando o trabalho pleno do governo do Estado e desemperra a discussão e votação de temas importantes para a sociedade gaúcha, pela Assembleia Legislativa.

É claro que a oposição vai continuar cavocando motivos e forjando acusações para não dar sossego a Yeda. Ainda há a CPI do PT, que vai até o final do ano, mas que, pela habilidade dos deputados que formam a base, não descambou para o cozimento em fogo alto de integrantes do governo, nem o está desgastando como a descontrolada CPI do Detran o fez.

A partir de agora, a governadora e seu secretariado precisam aproveitar e usufruir da (ao menos temporária) trégua que terão para ampliar, em número e em publicização, todas as boas ações que o governo vem implementando, principalmente no interior do Estado, que não sofre tanta influência da mídia da Capital.

Aceita ação de improbidade administrativa do Detran do PT

Já foi mencionado aqui, em outra ocasião, sobre a máxima que corre pelas salas de aula das faculdades de jornalismo do Rio Grande do Sul: “se não saiu na RBS, é porque não aconteceu”. Isto está longe de ser uma verdade quando se trata do interior do Estado, embora possa até ter algum efeito em Porto Alegre e região metropolitana.

O título-alvo desta postagem, você não lerá em Zero Hora, não ouvirá na rádio Gaúcha, tampouco verá no horário nobre da RBS TV. Talvez a leia no Correio do Povo e no Jornal do Comércio. É possível que o Grupo Sinos também dê alguma repercussão para o assunto.

O grande grupo de comunicação vai ignorar, mas o jornalista Políbio Braga, apoiado por uma dezena de blogs independentes, já está repercutindo a decisão do juiz Fernando Carlos Tomaz Diniz, que na última sexta-feira aceitou denúncia do Ministério Público Estadual contra altos dirigentes do Detran e da área de trânsito na gestão de Olívio Dutra no governo do Estado.

Foram denunciados o ex-presidente do Detran, Mauri Cruz, o ex-secretário dos Transportes, Nazareno Afonso (que trabalhou com Olívio na prefeitura da Capital), além da ONG Rua Viva, a empresa Cidade Viva Ltda. E seis ex-administradores do Detran. Todos tiveram os bens e contas bancárias bloqueados para garantir o ressarcimento de R$ 700 mil ao Detran, caso sejam condenados por improbidade administrativa.

A denúncia, com mais de 1.500 páginas, é contundente e repleta de provas. Segundo o MPE, na época em que o PT comandava o Estado, o Detran assinou convênio sem licitação com a ONG Rua Viva, de Belo Horizonte, que subcontratou uma empresa do próprio presidente da ONG, a Cidade Viva Ltda. Esta, por sua vez, contratou outras dez empresas fantasmas.

O MPE constatou notas frias nas prestações de contas, violação da lei de licitações, prestações de contas forjadas, incluindo a utilização de notas fiscais xerocadas.

Já que há uma CPI em andamento na Assembleia Legislativa, que tem investigado (de novo) a fraude do Detran, cabe muito bem a algum deputado da base aliada que levante o assunto e o coloque na pauta. Quem sabe, inclusive, propondo a convocação de Mauri Cruz e Nazareno Afonso para depor.


Afinal, além de eles já estarem respondendo a processo – com muito menos alarde do que o que corre em Santa Maria –, ao que tudo indica eles foram os mentores da fraude que viria a se desenvolver plenamente no governo seguinte. Porque esse processo, a presidente da CPI não terá o menor interesse em solicitar acesso.

Melhores momentos - Convenção 2009





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