Houve um abuso do direito

sexta-feira, agosto 07, 2009 escrito por: PSDB RS

Em entrevista concedida ao programa Jornal TVCOM, a governadora Yeda Crusius considerou “absurda” a falta de informação sobre o conteúdo das denúncias que sofre e sobre o pedido de afastamento do cargo:

TVCOM – Existe para a senhora a hipótese de se afastar do cargo para que o processo tenha andamento na Justiça Federal?

Yeda Crusius – Esse é um argumento absurdo. Eu sou uma chefe de poder, eleita pelo povo, e qualquer ação em relação a essa figura de governadora já tem decisão do Supremo, tem de passar pelo Supremo. Então, eles abusaram do direito que eles têm de promover ações. Quem decide é o Supremo. Em segundo lugar, por que afastar? Afastar para parar de trabalhar. Não há nenhum impedimento por parte da governadora ou do governo do Estado de que as investigações prossigam em todos os campos. Eu quero as investigações até o final.

TVCOM – A senhora tem certeza de que terá apoio suficiente para seguir o seu trabalho?

Yeda – Já passei por duas CPIs. Em 2007, primeiro ano do governo, a CPI do Daer. Assumi e coloquei em curso todas as sugestões que resultaram de uma CPI propositiva. No segundo ano, a CPI do Detran, vinda de uma operação da Polícia Federal. Eu passei pela CPI do Detran com fatos insólitos como gravações externas. E nós fomos construindo os investimentos com déficit zero. Mesmo em 2008, dificílimo, e imprimimos ritmo ao governo e obtivemos confiança. Está parecendo aquela lei de César, de que a gente tem de provar a cada dia que tem apoio.

TVCOM – A senhora soube das adesões do PMDB, PP e do PTB à CPI?

Yeda – Almoçamos juntos, secretariado e base aliada. É a quinta ou décima coletiva para a qual vocês (jornalistas) são chamados, para ouvir denúncias que depois não sabem quais são. Nunca tem as denúncias.

TVCOM – A senhora entende que foi um “circo político”?

Yeda – Em primeiro lugar, porque eles sabiam que não podiam fazer. Em segundo, se chamaram uma coletiva com a responsabilidade que chamaram era para dizer de que crimes estavam sendo acusados tais e tais pessoas. Não. Disseram os nomes da pessoas e, quando perguntados por vocês de que estavam sendo acusados, ah, é segredo de Justiça. Como segredo de Justiça, se os nomes já foram dados? E o julgamento prévio: afastamento do cargo, congelamento dos bens. Que é isso? Houve um abuso do direito desses agentes do MPF. Então é círculo político.

TVCOM – Assim que a senhora souber das acusações, a senhora as tornará públicas?

Yeda – Eu respeito a lei. Farei tudo o que a lei me permitir, assim como eu exijo que façam o que a lei lhes permite. Eles abusaram, exorbitaram de sua funções, e com um discurso obviamente político: como é que eles nos chamam de réus, se, na verdade, a ação não havia nem sido protocolada. Eles não sabiam? Foi um circo político, com intenções partidárias, ideológicas ou societárias.

TVCOM – A senhora vai apresentar alguma representação ao Conselho Nacional do Ministério Público ou à corregedoria do MP?

Yeda – Se eu tiver o verbo bonitinho, hoje mesmo. Quando eu digo bonitinho é correto juridicamente. Vou fazer uma reclamação junto ao Conselho Superior do Ministério Público Federal. Se o Conselho não se manifestar, é conivente. Então, vou fazer, sim, uma reclamação.

TVCOM – Por que dois presidentes deixaram o Detran em tão poucos meses?

Yeda – Não sei se não foram os holofotes. O último presidente é uma pessoa de carreira da Fazenda. De repente, o que é uma decisão interna entre nós, quando os holofotes se acendem e ele precisa falar para a imprensa, fala o contrário.

TVCOM – A senhora determinou que se pagasse a dívida com a Atento, como acusa o ex-presidente Sérgio Buchmann?

Yeda – Não acredito que ele faça essa acusação, porque, quando nos reunimos, antes de chamar para a coletiva e apresentá-lo, o que ele disse é que não haveria dúvidas de uma dívida do governo com a Atento, só que seria preciso uma auditoria para saber o valor. No dia seguinte, a coisa mudou. Estranhei um pouco que não tenha sido dito que o próprio presidente do Detran disse que havia uma dívida, que não se sabia de quanto e que a auditoria diria. Tenho a impressão de que os holofotes atrapalham um pouquinho as ideias de algumas pessoas.

TVCOM – Haverá mudanças na estrutura do Piratini?

Yeda – O Piratini precisa melhorar. A governadora não pode ficar exposta como ultimamente. Preciso ter segurança. Não é possível que um grupinho qualquer de pessoas avance e queira dormir na minha cama, usar a minha cozinha. Tenho de ter privacidade dentro de casa, tenho de ter segurança pública. Só que isso toma tempo. Estamos sobre um tapete, no salão dos espelhos do Palácio Piratini. Demorei um ano e meio para comprar esse tapete. A máquina anda muito devagar. É por causa disso que, enquanto não estiverem as condições que eu determinei prontas para eu voltar a abrir o Piratini com a qualidade e o respeito que eu gosto de dar a tudo que faço, vou levar da maneira que estou levando, respeitosamente, toda ação governamental.

TVCOM – Essa mudança não passa por nomes que atuam na área do palácio, como uma comentada transferência de seu chefe de gabinete para a Assembleia?

Yeda – Não, isso nunca foi aventado. O que vou fazer é criar as condições de respeito e segurança que o Piratini deve ter internamente. Quero acabar com esse serpentário. O Piratini virou ultimamente um serpentário. Parece que têm lindos ovos que quando chegam perto do calor são chocados e quando nasce uma serpente, come alguém. Não, isso aqui tem de ser um local de visitação, de trabalho, de harmonia. E estou criando as condições para isso.

TVCOM – A senhora continua candidata à reeleição?

Yeda – A lei permite que assim seja, e eu decido isso o ano que vem.

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